quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Lavras, cidade dos carros e dos supermercados


*Lavras, se essa cidade não te engole, entope
*pic: Lucas F.L


Acho que hoje é o dia perfeito para se falar sobre Lavras, a cidade modelo, o satélite da região.
Dia 13 de Outubro, quinta-feira 13, e não sexta. Feriado de aniversário de Lavras, que emenda com o feriado de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brazil e formam a "Semana do Saco Cheio", como chamam os estudantes, e há ainda o início da maior micareta universitária do país, a inter-odonto e jurídica Lavras-folia.

Nunca fui no Lavras-Folia, que deve ser ótimo, mulheres, bebidas e axé, quem não curte!? Mas pra gente que tá de fora é meio bizarro, as mulheres lindas estão vomitando na calçada e o cheiro de mijo sobe como um odor infernal.

Ontem dei uma voltinha na cidade, e vi as obras dos dois grandes hipermercados, há sempre obras, mais e mais comércios pra agregar no cartel geral.

O que mais me preocupa, é em que sentido a cidade cresce. A cada dia que passa a cidade fica mais limpa, não de lixo, mas de pessoas. Há mais policia nas ruas, câmeras, e, se há Lavras-folia pra elite universitária, o carnaval foi sendo espremido e espremido pela prefeitura até que foi completamente sufocado, parece até que essa onda de higienização que BH tá lançando tá pegando aqui.

E eu que sempre andava livremente pela cidade agora tou sentindo na pele que não sou bem-vindo. Reformou-se a sinalização de trânsito para desafogar o tráfego no centro. O entupido trânsito do centro, que, pelo que parece, só piorou. E uma das medidas tomadas foi regular em quais paradas os ônibus intermunicipais podem parar. Pontos péssimos, espaçadíssimos, e quando eu contei, cruzando a cidade a pé, são 3, na cidade inteira. Culpam as pessoas de fora pelo o caos no trânsito e não a cultura motorizada lavrense, em que ter carro é status e garante a liberdade, aí se vai de carro em tudo quanto é lugar, padaria, esquina, pra se caminhar guia-se até a Augusto Silva e circula-se infinitas vezes a praça.

Lavras rejeita o que não é tradicional, ao mesmo tempo que não cuida de sua tradição. Os movimentos em Lavras foram se dissipando e parando de existir, cadê as casas de shows legais que antes eram bacanas de frequentar e vão se capitalizando, cadê os butecos legais pra trocar idéia e que entraram na onda de cartéis e puseram TODAS as cervejas à R$4,50, cadê os festivais de Metal, cadê o movimento estudantil que antigamente levou a única movimentação politica que vi em Lavras que foi o passe livre, cadê os grupos de teatro que eu nunca mais ouvi falar, cadê a RESISTÊNCIA em lavras? Tem? Por quê se tem não tão com seus espaços reservados nas pixações da cidade, aliás não tem pixações na cidade, Lavras deve se orgulhar por ser uma cidade limpa.

Porque parece que a onda é essa. Lavras se torna cada vez mais polo comercial e as pessoas vão esquecendo cada vez mais de evoluir o espirito e a soliedariedade. E isso por quê? É tudo muito difícil, a resistência em Lavras tem que ser resistência mesmo. Você logo leva um soco na cara, como eu indo conversar com o pessoal da secretaria de cultura, e descubro só numa tacada que LAVRAS NÃO TEM SECRETARIA DE CULTURA, o que chamam de secretaria é só um departamento da secretaria de educação, que não dá a menor bola pra esse departamento e ainda que Lavras NÃO TEM ARQUIVO HISTÓRICO,  ao menos não na cidade, pois Lavras despachou todo seu arquivo pra cidade de Campanha que graças ao bom e glorioso Deus aceitou abrigar, senão concerteza iria pra churrasqueira.

Essas pequenas escolhas mostram em que a prefeitura e os empresários em Lavras dão valor (há quem diga por aí que cada povo tem o governo que merece), e com certeza não é no capital humano, por isso que nós, que tentamos ver outras possibilidades, que vemos como a vida das pessoas pode ser mais vida e menos objeto, menos óleo para a máquina do Estado e água pras nossas raízes, temos que nos unir e nos firmar como Movimento.

Aliás, quem somos nós?

Quando é que Lavras vai virar a terra da educação e da preservação e não só das escolas construídas e dos Ipês? Ipês nada, dê uma volta por lavras e só vai ver carros e supermercados, é só o que importa.
Pra quem?

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. É, Lavras parece que tá se tornando (já faz um tempo) uma cidade indiferente.

    Parece que tudo flui apenas em um único sentido e o resto que "ninguém", por enquanto, tá nem ai...

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  3. Bom texto! mais que isso ótima opinião!
    Se possível visite-nos também, começamos agora esse blog!
    http://coletivo309.blogspot.com/
    abraço

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